quarta-feira, 2 de junho de 2010

Ex-mãe de santo (e agora missionária) revela atos macabros feitos por Collor


Confissões do terreiro


Ex-mãe-de-santo do presidente Collor se converte e conta sobre os despachos que fazia na Dinda

Eduardo Burckhardt

Como tantos personagens dos programas evangélicos exibidos na TV, Maria Cecília da Silva, de 42 anos, conta que um dia vendeu sua alma ao Diabo. Foi numa noite de lua cheia em 1986, num ritual macabro durante o qual degolou seis animais, depois passou a faca em sua mão esquerda e deixou o sangue verter numa vasilha de barro. Naquele tempo ela atendia pelo nome de Mãe Cecília, era a mãe-de-santo mais famosa de Alagoas e recebia os clientes em seu terreiro na cidade de Arapiraca, a 136 quilômetros de Maceió. O "serviço", segundo ela, foi encomendado por seu cliente mais importante, o então governador Fernando Collor de Mello, em troca de uma ascensão irresistível na política nacional. Hoje, convertida a uma igreja evangélica, Maria Cecília diz que abandonou a magia negra e quer recuperar sua alma. Na semana passada ela deu a ÉPOCA uma série de entrevistas, contando como acompanhou a carreira de Collor até o Planalto e por que só agora - depois de ser procurada pela imprensa durante anos - decidiu falar. "Eu me arrependo de tudo o que fiz. Não quero vingança, não quero nada. Só preciso dar aos fiéis o meu testemunho."



Cecília freqüentou os bastidores da vida de Collor desde o início de sua carreira. Foi apresentada a ele pela mulher, Rosane, para quem jogara búzios. Logo se tornou uma espécie de guru espiritual do casal. "Fazia o possível e o impossível para atender a seus pedidos", afirma. Nos momentos de instabilidade do governo, Cecília diz ter feito sessões de magia negra, com sacrifícios de animais, para atingir os inimigos do afilhado. Conta que, para garantir o sucesso dos trabalhos, Collor e Rosane tinham de "cumprir obrigações" para com as entidades do além. Elas consistiam em abastecer o terreiro, financiar os despachos e participar regularmente das cerimônias de sacrifício. "Eles sempre foram obedientes", afirma. Cecília virou amiga do casal. Diz que por várias vezes foi acordada de madrugada por Rosane, que aos prantos pedia que intercedesse pelo marido. Quando a filha da mãe-de-santo nasceu com problemas de saúde, os Collor pagaram os gastos com o hospital. Foram padrinhos de batismo da menina. Mãe Cecília tinha acesso livre ao Palácio dos Martírios e freqüentava as festas da elite. O sucesso do apadrinhado atraiu outros políticos. Dava 30 consultas por dia, ganhou muito dinheiro, comprou uma chácara e uma casa de praia.

Quando o governador decidiu tentar a Presidência, Mãe Cecília passou a trabalhar para ele em tempo integral. Ela e seu grupo entravam nos cemitérios de Alagoas e abriam catacumbas para colocar amuletos na boca dos mortos e recolher ossos humanos para feitiços. Quando as pesquisas de intenções de voto apontavam a subida de algum adversário, Mãe Cecília fazia um "trabalho". Na primeira subida de Collor na rampa do Planalto, a mãe-de-santo estava lá, à direita do presidente. "Ele foi de branco, em homenagem a Oxóssi", conta ela. Como o presidente não tinha mais tempo de ir a Arapiraca, Mãe Cecília passou a ir até Brasília. "Collor mandava um jatinho buscá-la", conta Aroldo Marques, colunista social de Arapiraca. A ialorixá ganhou emprego com carteira assinada na LBA. Ela diz que um terreiro foi preparado no porão na Casa da Dinda e as sessões eram realizadas ali mesmo. Em seu livro Passando a Limpo, o falecido irmão do presidente, Pedro Collor, diz que Cecília era a "mestra dos rituais" e que visitas chegaram a encontrar o casal presidencial em roupas de despacho - Fernando, todo de branco, sem sapatos, e Rosane com roupa de cigana, de cetim vermelho, por causa de sua orixá, a Pomba-Gira.

A mãe-de-santo conta que, alguns meses depois da chegada ao poder, o presidente passou a desprezá-la. Não atendia mais às ligações, pedia que subordinados a dispensassem, não cumpria mais com as obrigações financeiras e espirituais com o terreiro. Os espíritos, diz ela, se revoltaram. "Passaram a fazer contra ele tudo o que tinha feito a seus adversários." Às vésperas do impeachment, Rosane ligou para Mãe Cecília, desesperada, pedindo que ela ajudasse. A ialorixá cedeu, "mas já não tinha a mesma força". Logo depois decidiu abandonar a magia negra. Sem o dinheiro dos "trabalhos" de macumba, empobreceu e chegou a trabalhar como cozinheira. Buscou amparo em igrejas evangélicas e se converteu à Assembléia de Deus, uma das denominações mais conservadoras. Hoje vive com que recebe para dar cursos e palestras, além da venda de um CD com suas pregações, oferecido na porta da igreja por R$ 12. A revolta com o ex-presidente, porém, não passou. Há dois anos a filha Juliana, de 13 anos, afilhada de Collor, tenta entrar em contato com o padrinho, que não a recebe. Insistentemente procurado por ÉPOCA para falar sobre a entrevista de Cecília, ao longo de toda a semana, Collor avisou por meio de sua assessoria que não vai comentar o assunto. Concorrendo novamente ao governo de Alagoas, ele não usa mais os serviços de mães-de-santo.

'Vendi a alma ao Demônio'

Maria Cecília conta como agiu em favor de Collor durante a campanha presidencial e no impeachment

ÉPOCA - Fernando Collor falava com as entidades?

Maria Cecília - Na casa dele em Alagoas, na Casa da Dinda ou no próprio Palácio do Planalto. Ele passava os pedidos e eu tinha que correr para fazer os trabalhos. Ele fumava charuto cubano e bebia uísque importado com elas. Como ele tinha condições, habituou as entidades de forma diferente. Elas estavam acostumadas com cachaça e cigarro, passaram a ganhar produtos finos e importados. A entidade cigana, por exemplo, só queria do champanhe mais caro. No centro que improvisei no porão da Casa da Dinda, só usei louças de porcelana.

ÉPOCA - Collor e Rosane iam juntos ao terreiro?

Maria Cecília - Era parte das obrigações. Chegavam com os alguidares prontos. As criações (animais oferecidos em sacrifício) só podiam ser mortas na presença deles. Eles acompanhavam o cerimonial, a colocação do sangue e das cabeças nas tigelas, e antes de sair recebiam um banho de sangue nas mãos.

ÉPOCA - A senhora intercedeu de maneira diferente em algum caso em especial?

Maria Cecília - Durante a campanha para a Presidência, vi que Silvio Santos seria uma grande ameaça. Collor disse que eu fizesse o que fosse preciso. Fiz um trabalho grande que incluía pôr um azougue (espécie de amuleto) na boca de sete pessoas mortas, recém-enterradas no cemitério.

ÉPOCA - Collor poderia ter evitado o impeachment?

Maria Cecília - Se tivesse se mantido fiel aos orixás, tenho certeza que sim. As entidades contribuíram para a derrota porque ele não colaborava mais com elas. Me tratava com indiferença, não dava mais dinheiro para os trabalhos.

ÉPOCA - A senhora tentou ajudá-lo?

Maria Cecília - Fiz a pedido de Rosane. As entidades tinham um apego especial a ela, e por várias vezes não fizeram nada pior a Collor por causa disso. Na votação do impeachment tentei restabelecer a relação. Só que no fundo eu ainda estava revoltada, e a legião que o atendia passou a não mais se envolver. Não tinha mais volta.

ÉPOCA - Alguma vez a senhora atendeu a algum pedido pessoal do casal?

Maria Cecília - Muitas vezes Rosane me ligava chorando. Dizia que queria fazer muitos projetos na LBA e ele não deixava que atuasse. Peguei perfumes, flores brancas, mel de abelha e fiz o que chamamos trabalho de paz. Quando Collor passou a andar sem aliança, também agi.

ÉPOCA - A senhora foi acusada de ter pedido a morte de Pedro Collor e de PC Farias.

Maria Cecília - Quando esses casos ocorreram eu não era mais mãe-de-santo. Já tinha o coração voltado para Deus.

ÉPOCA - Alguém está lhe pagando para fazer essas denúncias?

Maria Cecília - De jeito nenhum.

ÉPOCA - Não há interesse político por trás dessa decisão?

Maria Cecília - Não me envolvo mais com política. Meu compromisso é religioso, falo para os milhões de envagélicos conhecerem a verdadeira história.


Fonte: Revista Epoca Edição 225 - 09/09/02

7 comentários:

  1. Nossa.. Deus é muito tremendo!
    Mais um testemunho pra honra e glória de Deus!
    Que Deus abençoe grandemente essa senhora e a vc q colocou esse testemunho aqi.
    Abraços, shalom! xD

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  2. eu queria pedir pra missionaria o video que a irma ta subindo a rampa com ele.

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  3. acredito no deus do Impossivel entretanto ainda há algo estranho no testemunho desta mulher e ela ainda esconde muita coisa inclusivel sacrificio humano. perdão so acontece com arrependimento onde há arrependimento não deixa magoas não deixa revolta essa mulher mostra odio em suas declaraçoes e ainda esconde fatos lembrem-se o que diz em mateus 7:15 ao 29 leiam e verão a verdadeira palavra de Deus.

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  4. Acredito no Deus do impossivel! concordo com a irma Carla. Existe algo estranho parece mais procura de midia do que testemunho. ou ato de vingança! (o padrinho não atende a afilhada) Uma servo convertido e lavado no sangue do cordeiro não iria procurar alimentar essa relação que só tras mas recordações. está claro que não existe perdão entre os envolvidos! Mateus 5 v 19 diz.

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  5. irmã ao invés de testemunhar tanto poder dos orixás. a senhora não prega e ORE PELO COLLOR para ganhar a alma dele pra JESUS???pois te garanto q seu galardão vai ser bem maior com DEUS.q se promover aqui na terra com um testemunho desse!!!pois nós os humildes q fomos tanto prejudicado pelo governo collor: clamamos tanto a DEUS DOS EXERCITOS PRA Q NOS LIVRACE DAS atitude dele q ele poderia clamar até diretamente com satanás q ele seria derrotado mesmo!!então sem essa q se ele tivesse sido fiel aos orixás ele não teria caido!!! vc tem q converter verdadeiramente irmã e o seu pastor também por prmetir a sra dar um testemunho desse...Q VERGONHA DE CERTOS CRENTES QUE querem se promover através de testemunho sem penssar:q ao invés de ficar feliz da derrota de um satanista fica é querendo se promover !!!!

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  6. Maria Cecília - Se tivesse se mantido fiel aos orixás, tenho certeza que sim.estranho ouvir uma pessoa que diz ter se convertido falar assim, outro detalhe a cor de oxossi não é branco e pombagira não é orixa de ninguem. ela era na verdade descompreendida fez varias loucuras. ele só se tornou presidente porque DEUS quis e deixou de ser por causa dos proprios erros. o fato de ser se aliado a essa senhora so fez de todos descrer da religião inclusive ela, haja vista que no candomblé não existem esse rituais citados.como se colocar azougue na boca de um defunto, lamentavel o que fazem com a religiao.

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  7. Fazem rituais sim, agora querem bancar bonzinhos sem ser.

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